Programa de Pós Graduação em Enfermagem

Histórico e Contextualização do Programa

abr 9, 2025

HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROGRAMA

Na UFSC, o Curso de Graduação em Enfermagem foi criado em 1969, no contexto da Reforma Universitária, e seus docentes já anteviam a necessidade da criação de um curso de Pós-Graduação (PG), para capacitar o corpo docente e fazer frente às perspectivas de futuro. A preocupação com o aprimoramento e a qualificação dos docentes propiciou a criação de uma Comissão para elaborar um projeto de Curso de Especialização em Enfermagem, em 1974. Essa Comissão sugeriu a criação de um Curso de Mestrado, considerando a necessidade de capacitar enfermeiros para docência e o restrito número de mestres no país em relação ao número de escolas de enfermagem. Assim, o Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PEN) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) foi criado em 27 de janeiro de 1976, por meio da Portaria no. 28, com o Curso de Mestrado em Ciências da Enfermagem – opção Saúde do Adulto, sob a coordenação da Professora Ingrid Elsen. Em 1993, passou a ofertar o Curso de Doutorado em Filosofia da Enfermagem. Em 2010, teve início o Pós-Doutorado em Enfermagem. Ao situar o PEN no panorama nacional de implantação da PG em Enfermagem, é pertinente apresentar, aqui, informação relevante. A enfermagem brasileira implantou a primeira PG stricto sensu em 1972, na Escola de Enfermagem Anna Nery, da UFRJ. Nessa mesma década, foram criados outros oito cursos de Mestrado em Enfermagem em vários estados brasileiros, dentre eles, o da UFSC, em 1976. O Doutorado em Enfermagem, no Brasil, foi criado em 1981, com o chamado Programa Interunidades de Doutorado em Enfermagem, nas Escolas de Enfermagem da Universidade de São Paulo (USP) – São Paulo e Ribeirão Preto. Na década de 1990, a mobilização das escolas de Enfermagem para a qualificação de seu corpo docente se amplia, tendo como resultado a criação de outros seis cursos de mestrado e cinco de doutorado, incluindo-se o Curso de Doutorado da UFSC, em 1993. Em, 2026 o PEN completará 50 anos! O Programa está avaliado com Conceito 6 pela CAPES desde 2012. Neste período, o PEN tem consolidado sua expressiva inserção regional, nacional e internacional. Até dezembro de 2024, foram titulados 893 Mestres, 480 Doutores e 110 Pesquisadores receberam a declaração de Estágio de Pós-Doutorado. Igualmente, em relação à solidariedade internacional, o PEN já titulou 41 Mestres, 18 Doutores e 4 Pós-doutores, totalizando 64 profissionais estrangeiros (oriundos de Portugal, Espanha, Peru, México, Costa Rica, Argentina, Equador, Chile, Colômbia, Uruguai, Paquistão, Angola, Moçambique). E, em janeiro de de 2025, o PEN está constituído por: 36 docentes (30 permanentes e seis colaboradores); 60 mestrandos, 98 doutorandos e 15 pesquisadores em estágio de pós-doutorado matriculados; um técnico administrativo; três secretarias pagas com recursos próprios do Programa (uma secretaria administrativa financeira, um auxiliar de secretaria administrativa e uma bibliotecária na Revista Texto & Contexto Enfermagem), totalizando um coletivo interno de 213 pessoas. Desde o planejamento, execução, financiamento e articulação com parceiros internos e externos da UFSC, o coletivo divide tarefas entre os seus integrantes, convida para participação ativa e produz alianças.

Em 2021, como parte das comemorações do então 45 anos de existência do PEN, numa edição da Revista Texto & Contexto Enfermagem, dois artigos foram, especialmente, elaborados, para retratar a trajetória acadêmica do Programa. O primeiro, intitulado “Programa de pós-graduação em enfermagem da UFSC: 45 anos de contribuição para a internacionalização da enfermagem brasileira” (https://www.scielo.br/j/tce/a/xtwyTjWZ4BgPc9TCvrJvtWF/?format=pdf&lang=pt), abordava a internacionalização de suas ações internas e externas. Para isto, foi descrita a trajetória de internacionalização, consubstanciando os marcos históricos de desenvolvimento do PEN, denominados: Marco zero, Marco da consolidação e Marco da excelência. O segundo, intitulado “Programa Acadêmico de Pós-graduação em Enfermagem da UFSC: impactos tecnológicos, políticos, sociais e econômicos” (https://www.scielo.br/j/tce/a/w8TqNZTgLTSHrVM5mwbJcfk/?format=pdf&lang=pt), apresentava algumas das estratégias de acompanhamento dos egressos de PPG em Enfermagem, como subsídios para a melhoria dos processos de gestão do próprio programa e de formação e inserção profissional, considerando os desafios econômicos e sociais, os indicadores de saúde e as necessidades sociais e de desenvolvimento do SUS. Logo, com inspiração nos respectivos artigos, para a descrição do Histórico e Contextualização do Programa, optou-se pela divisão das informações de destaque em: 1) Área(s) de Concentração, Linhas de Pesquisa e Grupos de Pesquisa: acompanhando as demandas da enfermagem, da saúde e da sociedade; 2) Internacionalização PEN – entre 1976 e 2024; 3) Impacto social, cultural, tecnológico, cultural e econômico do PEN – uma trajetória de 48 anos. 4) DNA PEN – Impacto Político e o desenvolvimento de lideranças na Enfermagem Brasileira.

1) Área(s) de Concentração, Linhas de Pesquisa e Grupos de Pesquisa: acompanhando as demandas da enfermagem, da saúde e da sociedade

Em 1986, 10 anos depois da implantação do PEN, foi realizado o Seminário de avaliação dos 10 anos de PG em Enfermagem, quando foi recomendada a criação do Curso de Doutorado em Enfermagem; e modificação da área de concentração do Mestrado em Saúde do Adulto para “Assistência de Enfermagem”. Ainda, foi recomendado que fosse criada uma área de avaliação específica da enfermagem, realizada até então por um grupo da área da saúde em geral. Esta recomendação seria acatada no ano seguinte, sendo a enfermagem instituída como área de conhecimento específica, com representação no Conselho Técnico Científico da CAPES. Em 1993, é implantado no PEN, o Curso de Doutorado em Filosofia de Enfermagem, inédito no Brasil, visando ampliar a capacidade de reflexão teórico-conceitual, ética e metodológica sobre as questões ligadas ao cuidado no processo de ser e viver saudável. Ao final de 1997 desencadeou-se um processo de reestruturação do Curso de Doutorado, o qual estendeu-se ao longo do ano de 1998, envolvendo trabalhos em comissão, seminários e posterior aprovação em plenária ampliada envolvendo docentes e discentes do PEN. Este processo reafirmou o curso como Doutorado em Enfermagem, com caráter interdisciplinar, além de manter a perspectiva disciplinar e profissional da enfermagem. O curso manteve duas Áreas de Concentração (AC), que passaram a ser denominadas, Filosofia em Enfermagem e Saúde e Enfermagem, Saúde e Sociedade. Em dezembro de 2000, as duas AC do Doutorado foram fundidas em uma AC, denominada: Filosofia, Saúde e Sociedade (https://www.scielo.br/j/tce/a/Q3gW53VcBFnsyByjfFckF3N/?format=pdf&lang=pt). Em 2010, ocorreu nova reforma curricular do Programa. O processo de reformulação culminou com a criação de duas AC (em substituição à área única existente até 2010): AC 1: Filosofia e Cuidado em Enfermagem e Saúde, a AC 2: Educação e Trabalho em Enfermagem e saúde, abrangendo 10 LP, fortalecidas pela atuação de 16 GP. Em 2022, considerando as exigências da CAPES, o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da UFSC, o processo de autoavaliação realizado com docentes, discentes e egressos do PEN, as demandas de impacto regional, nacional e internacional na área da enfermagem e o perfil de novos Docentes Permanentes (DP), tornou-se prioridade desencadear novamente o processo de reforma curricular. Logo, no currículo vigente, a AC 1, passa a ser denominada Cuidado em Saúde e Enfermagem no Processo de Viver Humano. As LP da AC 1, são: 1. Modelos e Tecnologias na Prática Clínica em Saúde e Enfermagem. 2. Promoção da Saúde no Processo de Viver Humano. 3. Cuidado em Enfermagem e saúde no processo de saúde-doença. Já, a AC 2 é nominada Educação, Trabalho e Gestão em Saúde e Enfermagem. As LP da AC 2, são: 1. Trabalho, ética e história em Saúde e Enfermagem. 2. Políticas e tecnologias na Gestão em Saúde e Enfermagem. 3. Formação profissional e docente na saúde e enfermagem. Sendo assim, as LP estão distribuídas igualmente entre as 2 AC (três LP em cada AC). Em 2010, o argumento para a divisão das 2 AC era manter as fortalezas conceituais e teóricas: a filosofia e o cuidado (AC1) e a educação e o trabalho (AC2). Em 2022, doze anos depois, o pressuposto era restabelecer a filosofia como eixo comum para as 2 AC e, ao mesmo tempo, evidenciar as fortalezas do PEN nas pesquisas relacionadas ao trabalho, à ética e à história, às políticas e tecnologias na gestão, à formação profissional e docente, aos modelos e tecnologias na prática clínica, ao cuidado no processo de saúde-doença e à promoção da saúde. O PEN é um Programa reconhecido no Brasil, como capaz de mobilizar forças, consolidar inovações e de atuar de modo solidário na implementação e no fortalecimento de outros PPGs da Enfermagem. Logo, o desafio era manter suas bases filosóficas e conceituais já consolidadas, e almejar assumir novos patamares de pesquisa, mantendo a inclusão de docentes, discentes, pesquisadores e a potência para produzir ciência e tecnologia que impactem positivamente na enfermagem e na saúde. Nesta direção, a última ação desenvolvida na última reforma curricular foi a atualização dos Projetos de Pesquisa (PP), considerando a vinculação com a respectiva AC, LP e GP. Atualmente, temos 32 PP e 32 DP (com inclusão das DC nos PP dos DP, considerando a mesma AC, LP e o GP). Com relação aos Grupos de Pesquisa, contextualiza-se que a partir de 1982, foram criados os primeiros cinco GP do Programa. Atualmente, o programa tem 16 GP/Laboratórios de Pesquisa, na maioria criados a partir dos anos 1990. Os 16 GP/Laboratórios de Pesquisa, todos cadastrados no CNPq (apresentados no Menu Programa – Grupos de Pesquisa/Laboratórios). Os GT/Laboratórios de Pesquisa são consolidados e congregam docentes, discentes de graduação e PG, parceiros externos de pesquisa, além de profissionais de enfermagem e de outras áreas do conhecimento. São espaços de fortalecimento das potencialidades da formação de pesquisadores e líderes em pesquisa, ensino e extensão.

 

2) Internacionalização PEN – entre 1976 e 2024.

Marco Zero do PEN (1976-1997). Desde o início do PEN, as pioneiras tinham clareza da necessidade do suporte externo de docentes e pesquisadoras de outras regiões do país, assim como internacionais. Assim, as ações de mobilidade internacional foram concomitantes ao processo de implementação do Programa, embora não tivesse ainda uma política específica neste sentido. Destaca-se a contribuição da Profa. Dra. Wanda de Aguiar Horta (da EEUSP), de doutores de outros departamentos da UFSC e da professora visitante Dra. Edna H. Whitley (Doctor of Education dos EUA). Posteriormente outras professoras doutoras brasileiras, provenientes da EEUSP, EEURP, EPM, UFRGS, contribuíram de forma expressiva para o desenvolvimento do Curso. Atinentes às políticas para capacitação docente em outros estados (RJ, SP) e países, as primeiras professoras realizaram seu doutorado nos EUA: Ingrid Elsen (University of California, San Francisco, 1984); Mercedes Trentini (University of Alabama at Birmingham, 1985); e Eloita Pereira Neves (Catholic University of America, 1980) e pós-doutorado pela University of California San Francisco (1989). Dentre os eventos organizados pelo PEN, destaca-se o I Seminário Internacional de Filosofia e Saúde (SEFIS) realizado em 1994, visando fortalecer a fundamentação teórico-filosófica do PEN. Organizar seminários internacionais constitui-se em uma contribuição do PEN para a comunidade científica, proporcionando mais um espaço privilegiado para atualização, aprofundamento e troca de conhecimentos sobre a produção relativa à filosofia e saúde. Após a criação do Doutorado, as atividades relativas à internacionalização se ampliam em oportunidades, muitas delas propiciadas pelas políticas dos órgãos de fomento, como a CAPES e o CNPq. Neste sentido, ressaltam-se: a contribuição do programa na titulação de mestres e doutores oriundos dos países da América Latina; consultorias prestadas a instituições e participação em eventos e cursos ministrados por docentes do Programa internacionalmente; participação de alunos do Doutorado da Enfermagem da UFSC, no Programa “Doutorado Sanduíche”, em Universidades da América do Norte, Europa e América do Sul; realização de pós-doutorado pelos docentes do PEN, possibilitando a ampliação das parcerias e convênios internacionais e, consequentemente; o recebimento de professores visitantes estrangeiros.

Marco da consolidação – fortalecendo estratégias de internacionalização (1998-2006) Este período histórico foi marcado por ousadia e inovação com a definição e implementação de estratégias que contribuíram para a consolidação da internacionalização do PEN. As estratégias foram construídas de modo participativo e sistematicamente avaliadas por docentes e discentes, dialogando com as instâncias da UFSC, com as políticas nacionais da PG e com as questões em debate na profissão, no Estado de Santa Catarina, no Brasil, e internacionalmente. No período, o PEN recebeu professores/pesquisadores e representantes de órgãos multilaterais (OPAS, OMS, OEA) e oriundos de 9 países. Os docentes/pesquisadores estrangeiros realizaram atividades como visitas de curta duração, participaram de eventos, ministraram cursos, aulas e conferências, participaram em bancas de Mestrado e Doutorado. Esse conjunto de atividades possibilitou a articulação e estruturação de parcerias e convênios, a organização de novos eventos internacionais, a construção de PP conjuntos e a produção bibliográfica, produzida em parceria com pesquisadores internacionais. Também foi significativa a implementação de projetos de formação, com destaque para a constituição de redes de pesquisa e ensino. Um destaque foi o investimento nas articulações com organizações multilaterais, em especial o Projeto CICAD-OEA (Comissão Interamericana para o Controle e Abuso de Drogas, da Organização dos Estados Americanos), e com entidades representativas da profissão foram muito positivas e férteis. O Projeto CICAD-OEA gerou a organização de vários eventos internacionais no PEN, a participação de docentes nas versões itinerantes do mesmo, a publicação de livros em co-autoria com parceiros internacionais em três idiomas e a formalização de um convênio internacional. Da parceira CICAD-OEA destaca-se, ainda, a coordenação, por docente do PEN, de curso de especialização internacional sediado no Canadá, em parceria com o Center for Adiction and Mental Health (CAMH), que possibilitou a publicação de três números especiais internacionais da Revista Texto & Contexto Enfermagem. Da relação com as entidades representativas da profissão, em especial a Associação Brasileira de Enfermagem, destaca-se a parceria na formulação de políticas profissionais, incluindo a organização de vários eventos, dentre estes o 10° Congreso Panamericano de Enfermería. Um caminhar com forte ênfase na solidariedade, na construção de redes, no investimento na visibilidade nacional e internacional, articulação com entidades representativas da profissão nacionais e internacionais, no intercâmbio de conhecimentos e na construção de parcerias sólidas e longevas.

Marco da excelência – a visibilidade da internacionalização (2007-2020) A mobilidade acadêmica se destacou neste período em diferentes ações, como a continuidade da política de desenvolvimento de estágio pós-doutoral no exterior dos docentes e ampliação da participação em missões de estudos, de pesquisa, conferências e cursos no exterior. Considerando o indicador avaliativo da CAPES, de focar na participação dos DP nesses processos, essa participação teve uma ascensão de em média de 15-20% para 70-80%. Do mesmo modo, consolidou-se a política de apoio, suporte e incentivo ao discente PEN para estágio doutorado sanduíche no exterior. Os vínculos que se estabelecem nas relações internacionais ultrapassam os contornos institucionais, promovendo laços pessoais e afetivos, além de estabelecerem o movimento salutar de integração e visibilidade de docentes, discentes, egressos, pesquisadores, experts, novas parcerias, num processo contínuo para a inovação e avanço da ciência de enfermagem e saúde. Os convênios internacionais ativos, passaram de três convênios efetivos, do Marco Zero, para 12 no Marco de Consolidação, chegando a 26 no Marco da Excelência. Ainda, destaca-se que uma docente do PEN foi a coordenadora de um dos Projetos articulados ao Programa CAPES PRINT, cujo objetivo era criar uma rede de educação interprofissional em saúde, formada por uma equipe de pesquisadores brasileiros e estrangeiros. No tocante à solidariedade internacional, esta política se mantém, desenvolvendo ações colaborativas junto às instituições e colegas da América Latina na Venezuela, Peru, Colômbia e Bolívia, compartilhando conhecimentos e experiências e, desta forma, permitindo às instituições locais criarem seus próprios programas, fortalecendo a formação de lideranças e qualificada atuação na docência, gestão, assistência e investigação. Acelerando esse processo, a captação aumentada de estudantes estrangeiros para o PEN, também, promoveu contribuição. Em 2016 o PEN propõe o MINTER – Internacional junto à Universidad de Magallanes em Punta Arenas, Chile, permitindo a qualificação de 20 mestres. A experiência exitosa resultou na proposta do Doutorado Interinstitucional Internacional (DINTER), aprovado pela CAPES e iniciado em 2022. O protagonismo do PEN atende ao conclamo da OPAS na formação de lideranças na enfermagem das Américas. A solidariedade internacional também avançou com projetos junto a populações vulnerabilizadas, como as vítimas de desastre natural no Peru; violência doméstica na Espanha; obesidade infantil e de adolescentes no Chile, e missões humanitárias no Haiti e na África. Além disso, desponta a importância das consultorias ad hoc internacionais, projeção internacional da Revista Texto & Contexto Enfermagem e participação em projetos de pesquisa multicêntricos com suporte de capital financeiro estrangeiro.

 Marco de Expansão – um processo de construção coletiva da Internacionalização (2021-vigente). Neste período, a meta é a ampliação da inserção dos DP, novos docentes e discentes nas atividades de internacionalização. Com certeza, o Projeto PRInt-CAPES propiciou o cumprimento desta meta. Mas, o empenho coletivo dos DP e egressos do doutorado para submissão em Editais nacionais e internacionais que contemplassem a realização de Estágio Pós-Doutorado, Doutorado Sanduiche, Visita técnica e missão internacional, impactou de modo extremamente positivo nos resultados obtidos. Realização de ações de internacionalização do Docente e do Programa, tem sido concretizadas com êxito. Outro aspecto a ser destacado é a realização do II Seminário Internacional de Métodos Mistos em 2023. Destaca-se a atuação de discentes egressos do PEN, como Professor Visitante, atualmente, locados em Universidades no Canadá, EUA e Europa.

3) Impacto social, cultural, tecnológico e econômico do PEN – uma trajetória de 48 anos.

Antes de pensar em destacar algumas informações que expressão o impacto social, cultural, tecnológico e econômico do PEN, talvez uma palavra consiga expressar a identidade deste Programa, ao longo de seus 48 anos: SOLIDARIEDADE! Solidariedade a nível local, regional, nacional e internacional! Solidariedade que é social e política, por isto, também, com impacto cultural, tecnológico e econômico. Portanto, ainda que neste processo de abordar o Histórico e Contextualização do Programa, tenha sido adotado uma divisão entre os diferentes impactos, conceitualmente, há ciência de que os mesmos estão articulados.

Impacto Social

Neste campo, estão inseridos os serviços e atendimentos à comunidade desenvolvidos com efetiva participação de docentes e discentes do Programa, visando soluções e/ou respostas para situações emergentes do cotidiano da prática nas instituições de saúde no contexto do SUS, do ensino e dos desafios das ações relativas às ações para implantação das políticas públicas. O PEN vem contribuindo com a formação de recursos humanos qualificados de enfermeiras/os brasileiras/os, de diferentes regiões, latino-americanas e de países de outras regiões, nos diferentes níveis: mestrado, doutorado e estágio pós-doutoral. Essa formação se deu tanto em turmas regulares na sede, bem como na modalidade interinstitucional. No âmbito internacional, cabe destacar a iniciativa de formação de vinte enfermeiras chilenas, na modalidade de MINTER, com a Universidad de Magallanes – Chile, sendo esse o primeiro curso dessa natureza implementado na Área da Enfermagem no Brasil, bem como na UFSC junto a Pró-reitoria de Pós-graduação. No contexto nacional, o PEN foi o primeiro programa da área de Enfermagem a propor e desenvolver iniciativas de formação em parcerias interinstitucionais. Em 1993, o modelo de oferta extramuro teve início a partir da criação da Rede de Promoção da Enfermagem da Região Sul (REPENSUL), a partir do vínculo do PEN/UFSC, como instituição promotora, com as cinco universidades da Região Sul, a saber: UFPR, UFRGS, UFSM, UFPEL e FURG. Este movimento potencializou a titulação de mestres e doutores e criação de novos Programas. Portanto, o desenvolvimento da PG na Região Sul do Brasil, foi estimulado pelo PEN/UFSC, que não mediu esforços para contribuir com a realidade que hoje se apresenta consolidada. A partir daí, por meio da política da CAPES de oferta de cursos DINTER e MINTER, o PEN já ofertou três turmas de DINTER (2007-2011 Universidade Federal do Pará 10 discentes; 2013-2015 Universidade Federal do Rio Grande do Norte 14 discentes; 2015-2019 Universidade do Estado do Amazonas 16 discentes) e dezesseis turmas de MINTER Nacional e uma turma de MINTER Internacional (já sinalizado anteriormente). No presente momento, o PEN tem dois DINTER em andamento, outra turma de DINTER Nacional UEA-UFSC Nacional (2024-2027), 22 discentes e DINTER Internacional Universidad de Magallanes– UFSC Internacional (2022-2026) 10 discentes, sendo que em dezembro de 2024 ocorreu a primeira Defesa de Tese de DINTER Internacional na UFSC e na Enfermagem brasileira. Logo, se acrescentar os DINTER em andamento, são 5 turmas. Por sua vez, os egressos do PEN desenvolvem projetos em parceria com diferentes instituições sociais não governamentais e governamentais (Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis, Secretaria de Estado da Saúde, Ministério da Saúde, Ministério da Educação, Ministério da Ciência e Tecnologia). Também privilegia ações de articulação com entidades organizativas, científicas e de veiculação do conhecimento, especialmente por meio de consultorias e representação junto às entidades científicas e profissionais. Desde 2021, o PEN tem parceria de colaboração com a Universidad Nacional Mayor de San Marcos(UNMSM). Facultad de Medicina, Lima, Peru, para a realização do Doctorado em enfermería. Sua colaboração abrange co-orientação DP PEN de 9 doutorandas da turma 2021 e 10 da turma 2022. Ainda, os DP atuaram em parceria com docentes da UNMSM, nas respectivas disciplinas, conforme a grade curricular daquele curso. Esta é uma nova etapa de solidariedade, na medida em que o PEN atua de modo colaborativo para o fortalecimento dos PPGs com cursos de Mestrado e ou Doutorado em Enfermagem, nos países da América Latina. Por fim, o grande destaque de impacto social/solidariedade do quadriênio 2021-2024 foi a parceria internacional estabelecida com o Instituto Politécnico de Huambo (IPU), da Universidade José Eduardo dos Santos (UJES), Angola, e o apoio financeiro da União Européia, para a elaboração do projeto, grade curricular e planos de ensino e para implementação do primeiro Curso de Mestrado Enfermagem em Obstetrícia e Neonatologia. O projeto foi submetido em 2021 à União Europeia, sendo que foi um dos contemplados, com subsídio financeiro de 150.000 EUR, valor encaminhado diretamente para a UJES (período de execução Curso Mestrado 2023-2025). O PEN/UFSC entrou como instituição parceira. No entanto, a União Europeia necessitou abrir exceção e aceitar que, para a primeira turma de 30 mestrandos, 80% das aulas e 100% das orientações fossem de responsabilidade do PEN (por restrição de docentes de Angola com doutorado e com expertise na área de obstetrícia e neonatologia), além da supervisão do processo seletivo (300 candidatos para 30 vagas), do acessoramento na organização do espaço fisico e na compra de equipamentos para as aulas teórico-práticas em Angola.

Impacto Econômico

O impacto econômico do PEN foi avaliado a partir de três indicadores: indicadores associados aos produtos/processos oriundos dos trabalhos desenvolvidos por docentes e discentes; indicadores relacionados a melhoria das condições de renda e trabalho dos egressos e indicadores que demonstrem a capacidade de autossuficiência do programa de PG. Historicamente o PEN tem contribuído substancialmente no desenvolvimento e registro de produtos/processos que geraram melhoria no ambiente de trabalho; na condição de vida da população da região; na incorporação de resultados de pesquisa em ambientes de prática profissional com definição dos aspectos inovadores e de sua relação custo-benefício; comprovação da eficiência de novas formas de cuidar e de diagnosticar e intervir em problemas de enfermagem de modo a permitir maior eficiência na tomada de decisão e consequentemente a obtenção de melhores resultados de saúde. Outro aspecto relevante, relaciona-se à intensificação das atividades de extensão desenvolvidas de modo produtivo por DP e sua articulação com discentes bolsistas da graduação e da PG. Entre os inúmeros exemplos estão as atividades de inovação e de cuidado no ambulatório de feridas do Hospital Universitário. Com relação ao segundo indicador, os resultados do processo de acompanhamento dos egressos do PEN, potencialmente, evidenciaram melhoria das condições de renda e trabalho dos egressos. E, especificadamente, o quadriênio 2021-2024 tem resultados de maior proporção de mestres nas faixas salariais de 5 a 10 salários-mínimos e doutores na faixa de 10 a 20 salários-mínimos. Assim, há um aumento de renda a partir da realização do Curso de Doutorado. Dentre os egressos, há diminuição nas ocupações de níveis hierárquicos mais baixos e aumento na ocupação de posições de Diretoria e coordenações nas instituições onde trabalham, considerando a evolução na carreira após a conclusão da PG, o que reflete de modo positivo na dimensão renda. Por fim, com relação aos indicadores que demonstrem a capacidade de autossuficiência do PEN, segundo dados consolidados, há proporção de DP com captação de recursos para pesquisa: Bolsa PQ e DT; projetos financiados por agências de fomento nacional, estadual e algumas internacionais, PROEX CAPES, Bolsas de Pós-Doutorado pelo CNPq e CAPES. Outro destaque na competência de autossuficiência do PEN, foi a ampliação da infraestrutura por meio do Edital CT/INFRA 2008, com projeto submetido e contemplado pelo Programa, a partir do qual foi construído o Centro de Pesquisa em Tecnologias de Cuidado em Enfermagem e Saúde (CEPETEC), em pleno funcionamento desde 2013-2014. Esta obra está instalada em uma área de mais de 1.200m² com quatro andares. No tocante aos discentes, o PEN, atento à política de concessão de bolsas para pós-graduandos, possui uma Comissão de Bolsas atuante que desenvolve o processo de seleção e alocação de bolsas com base em critérios amplamente divulgados, bem como realiza o processo de acompanhamento dos bolsistas. Dentre as agências financiadoras, temos a CAPES, CNPq, Pró-Ensino e UNIEDU/FAPESC, além das Bolsas de Ações Afirmativas, disponibilizadas pela Pró-reitoria de Pós-Graduação da UFSC.

Impacto Tecnológico

O PEN se configura como um programa acadêmico, centrado na produção de conhecimentos teóricos e filosóficos, todavia, tem também contribuído com a produção de tecnologias no campo da saúde e enfermagem, os quais podem ser expressos (em parte, já que o programa apresenta vários outros produtos que se caracterizam como tecnologias e que estão defendidas e ou também publicadas como tecnologias “abertas” de acesso e uso livre) pelas patentes já concedidas ou em processo de obtenção de registro, obtidas a partir de estudos desenvolvidos por estudantes e docentes. E, um dos aspectos que favorece o desenvolvimento de inovações tecnológicas é o investimento da UFSC na definição de legislações e programas de pesquisa, desenvolvimento e inovação. Além disso, os pesquisadores contam com o suporte de uma Secretaria de Inovação – SINOVA, para o fornecimento de orientações e suporte no registro de patentes, programas de computador, desenhos industriais, marcas e cultivares. Outro destaque é que em 2024 foi publicado o E-book (https://sinova.sites.ufsc.br/wp-content/uploads/2025/01/ps.inventoras.ufsc_.ebook_.pdf), intitulado Inventoras – Os grandes nomes da UFSC. Na ficha catalográfica consta 1. Invenção e descoberta. 2. Propriedade Intelectual. 3. Inovação. 4. Mulheres na Ciência. Neste livro, dentre as 28 invenções de softwares de docentes/discentes/egressos publicadas, 13 são do PEN; dentre os três desenhos industriais publicados, duas são de docentes da UFSC egressas do PEN. Ainda, desde entre 2014 e 2024, o PEN contabiliza 27 registros no INPI, conforme distribuição: 2014 (1), 2015 (1), 2016 (7), 2019 (2), 2020 (2), 2021 (2), 2022 (2), 2023 (8) e 2024 (2).

Impacto Cultural

Dentre as múltiplas atividades com impacto cultural, destaca-se a participação do PEN no Prêmio Capes de TESES, nas Edições de 2008, 2011, 2015, 2018 e 2020:  2008: Nalú Kerber/Orientadora: Ana L. Kirchhof. Atenção domiciliária e direito à saúde: análise de uma experiência na rede pública de saúde no Brasil. 2011: Dulcinéia Schneider/Orientadora: Flávia R. Ramos. Discursos profissionais e deliberação moral: análise a partir de processos éticos de enfermagem.  2015: Ana Graziela Alvarez/Orientadora: Grace Dal Sasso. Tecnologia persuasiva na aprendizagem da avaliação da dor aguda em enfermagem. 2018: Camila Baccin/Orientadora: Grace Dal Sasso. mSmartAVC: aplicativo móvel para a aprendizagem da detecção e cuidados de enfermagem à pessoa com acidente vascular cerebral. 2020: Simone V. Santos/Orientadora: Flávia Ramos/Co-orientadora: Roberta Costa. Neonatal Skin Safe: aplicativo móvel de apoio à decisão de enfermeiros na prevenção de lesões de pele em recém-nascidos internados. O PEN recebeu, ainda, Menção Honrosa no Prêmio CAPES, nos anos 2006, 2012, 2014. 2006: Ana L. Mello/Orientadora: Alacoque Erdmann. Promovendo o cuidado à saúde bucal do idoso: revelando contradições no processo de cuidar e incorporando melhores práticas a partir do contexto da instituição de longa permanência para idosos. 2012: Gisele Fernandes/Orientadora: Astrid Boehs. Rotinas e rituais de cuidado nas famílias rurais em transição inesperada do pós-desastre. – 2014: Jorge Lorenzetti/Orientadora: Francine Gelbcke. Tese: Praxis: Tecnologia de gestão de unidades de internação hospitalares. Outro grande destaque nesta trajetória do PEN, é justamente a criação da Revista Texto & Contexto Enfermagem, em 1992, sob a coordenação da Dra. Ingrid Elsen inicialmente com periodicidade semestral e temática. O fator motivador foi o planejamento para o Curso de Doutorado e a identificação em processos avaliativos, de fragilidades na produção científica de discentes e docentes do PEN, também, porque o número de veículos nacionais de divulgação e socialização desta produção era reduzido. Atualmente, o periódico é publicado na modalidade fluxo contínuo, em português, inglês ou espanhol, na base SciELO em open access. Também, para aumentar a visibilidade e citação dos artigos, em 2024, foi desenvolvido e lançado o aplicativo da Revista T&C, disponível para Android. É mais uma ferramenta, que como o blog da T&C, amplia a visibilidade do que é produzido nas universidades para benefício da sociedade em geral. Ainda, em 2023 ela alcançou Cite Score SCOPUS 1.8 e classificação no Quartil 2 da Scimago Journal Rank, na qual conforme relatório da base, apresenta diminuição de auto citação, diminuição de artigos nunca citados, aumento de citações externas e de citações externas por artigo e do percentual de coautoria internacional. Conforme mostra o relatório da bibliometria realizada em 2024 por meio do software bibliometrix R e o aplicativo Biblioshiny. O Cite Score passou de 0.5 em 2011 para 1.8 em 2023.

4) DNA PEN – Impacto Político e o desenvolvimento de lideranças na Enfermagem Brasileira.

Entende-se por impacto político dos programas de pós-graduação a qualificação dos profissionais de enfermagem e saúde para atuação em posições estratégicas e de liderança, com participação na elaboração e implementação de políticas públicas de saúde em nível regional, nacional e internacional, bem como, geração de processos e produtos que contribuam para eficiência do cuidado de enfermagem e de gestão em saúde no ambiente de trabalho. O indicador do impacto político de um PPG para a Área da Enfermagem deve ser avaliado pelo percentual gradativo, ou seja, a curto, médio e longo prazo de inserção de egressos, discentes e docentes em posições estratégicas e de liderança nos diversos setores da saúde, da gestão e da educação, guiando ou influenciando na resposta às necessidades sociais e de saúde. O acompanhamento dos egressos do PEN tem sido realizado de modo sistemático nos últimos anos (em 2021 foram coletados dados egressos período de 2011 a 2020; em 2022 dos egressos período de 2017-2021; em 2024 dos egressos período 2016-2023). Logo, estes resultados são pertinentes, já que a sobreposição de períodos, vai delineando um perfil de inserção. E, destaca-se a questão de que estes egressos do PEN desempenham funções na docência, na assistência e em postos de gestão e coordenação, no Brasil ou no exterior, impactando positivamente no desenvolvimento de lideranças na Enfermagem. Enquanto impacto político, pode-se referendar, também, a inserção e a política de acompanhamento, incentivo e de aperfeiçoamento de novos docentes no Programa. Finalmente, é importante destacar que este Programa, ao longo destes 48 anos, é constituído por Lideranças na Enfermagem e que ocuparam/ocupam posições políticas na UFSC, no Brasil e no mundo. Difícil destacar nomes entre tantas lideranças, logo, a opção será por descrever, a seguir, algumas destas importantes posições: UFSC: Vice-Reitora. Pró-reitora de Extensão e Cultura. Secretária de Ações Afirmativas e Diversidades. Diretora de Centro. Membro Câmara de Pós Graduação. Membro do Conselho Universitário. Coordenação Subprojeto PRInt CAPES. Coordenação de Pesquisa de Centro. Membro da Câmara de Pesquisa. CAPES: Coordenação da Área da Enfermagem. Coord. Adjunta da Área da Enf. Acadêmica. Coord. Adjunta da Área da Enf. Profissional. Membro da Comissão de Avaliação. Assessoria, Acompanhamento, Pareceres e Planejamento Estratégico da Área da Enfermagem. Comissão de qualis CAPES periódicos. Comissão do qualis livros. CNPq: Representante da Área de Enfermagem no CNPq. ABEn/SC: Diretoria da ABEn. Presidente da ABEn. Conselheira. ABEn Nacional: Presidente ABEn. Membro da Comissão Nacional de Criação e Estruturação do Observatório Brasileiro da Enfermagem. Diretora do CEPEN. Diretora de Educação. Criadora e primeira Editora da História da Enfermagem Revista Eletrônica – HERE. Organizadora Coletânea PROENF ABEn-Artmed (docentes envolvidos em várias coletâneas). Editora Chefe da REBEn. Membro do Projeto Memorial CASABEn, Coordenadora do Departamento de Gerontologia, COREN/SC: Presidente. Membro de Comissão. Outras Posições: Vocalia ALADEFE. Líder da Red Internacional de Investigación en Educación en Enfermería – RIIEE. Membro da Coordenação Nacional das lutas por condições de trabalho, em especial, nas lutas pela regulamentação da Jornada de Trabalho da Enfermagem. Membro da Comissão Estadual. Presidente da Prova e títulos Especialista Enfermagem em terapia intensiva pela ABENTI. Membro da BVS – Enfermagem. Assessoria na Criação e Acompanhamento dos Cursos de Doutorados em Enfermagem na Universidad de Carabobo – Valência, da Universidad de Bogotá, Universidad de Antióquia, Universidad Maior de San Marcos, Universidad de Andrés Bello, Universidade do Porto.